Viajar a Trabalho Não É Para Qualquer Um
Emprego dos Sonhos?
Nem Sempre.
Entre Outras Coisas, O Candidato Tem Que Gostar Da Falta De Rotina & Saber Lidar Com A Saudade
Quem nunca se deixou levar pela crença de que viver viajando pelo mundo seria o verdadeiro emprego dos sonhos? Claro que conhecer novos lugares, não ter rotina e se hospedar em bons hotéis são atrativos poderosos. Mas não é só disso que se faz uma viagem de negócios. Mesmo que possa parecer estranho, quem vive viajando em razão do seu emprego enfrenta dificuldades.
“A viagem nada mais é do que a expansão geográfica
das atividades do profissional”, observa a headhunter e coach Fabiana Santiago.
Ela lembra que a função fascina e, por isso, talvez seja complicado para as
pessoas que não se encontram nessa posição enxergar que trabalho é diferente de
turismo. “Eu viajo bastante a trabalho e não é igual a passar férias em um
lugar. Você fica várias horas no avião e no aeroporto. Às vezes, nem sequer sai
do hotel”, conta.
Perfil Ideal...
Homens Solteiros. Eles levam vantagem na corrida por uma vaga que exija muitas viagens. “Nem sempre essa posição é explícita por parte da empresa, mas esse tipo de trabalho para mulheres com filhos pequenos fica realmente mais complicado”, admite Fabiana.
A rotina e os cuidados com as crianças exigem que a mulher tenha uma disponibilidade maior para estar perto da família. “Claro que os homens também podem cuidar da família. Mas não há como negar que ainda é uma tarefa bastante feminina.”
“Quando a mulher é casada não é tão problemático. Só quando resolve ter filhos a situação muda um pouco. Normalmente vemos mais homens com funções que exigem ficar um tempo ausente de casa”, afirma a headhunter da Michel Page Karina Pinho.
Contrariando a maioria, a gerente de
contas Luciana Kuzuhara, 35, que tem uma filha de dez meses, passa a maior parte
do seu tempo viajando. Ela viaja frequentemente para resorts no Brasil todo e
faz algumas viagens internacionais por ano. "Faço minha agenda e procuro passar
uma semana viajando e a outra em São Paulo." A gerente admite que é preciso
muito jogo de cintura para a vida pessoal não atrapalhar a
carreira.
“Confesso que na semana anterior a uma viagem fico triste por deixar a minha filha que é tão nova. Mas quando saio para trabalhar eu ‘desligo’ o botão de mãe e penso na minha carreira. Quem cuida da minha filha quando estou ausente é minha mãe. Isso me ajuda muito a ficar mais tranquila”, afirma Luciana que precisou contratar uma pessoa para ajudá-la com as tarefas domésticas.
“Quando eu não tinha ninguém para essa função passava finais de semana cuidando da casa. Simplesmente não dava mais para fazer isso.” Apesar da saudade da filha e do marido, ela gosta bastante do seu esquema de trabalho. “É muito gratificante. Além de conhecer muitos lugares legais, isso me possibilitou crescer profissionalmente.”
O arquiteto de sistemas Lex Blagus, 32, considera que a tecnologia é uma
aliada poderosa na hora da saudade. “Tenho uma filha e moro com minha namorada.
Quando eu viajo podemos passar horas conversando pelo computador. Acho que o
importante é que os momentos que passamos juntos são relevantes e com
significado.” Lex confessa que a possibilidade de viajar com frequência foi
fator decisivo para aceitar seu emprego atual.
“Viajar a trabalho não é a mesma coisa que ir a passeio, mas ainda assim é viagem. Eu adoro. Ficar em casa muito tempo cansa e no mesmo escritório também.”
Gostar da falta de rotina, aliás, é condição importante para quem não tem uma base fixa no trabalho. “Quem tem esse tipo de emprego tem que gostar de desafios e não pode se apegar muito à rotina”, afirma Fabiana.
“A pessoa deve ter muita
flexibilidade de horário e ser bem resolvida na vida familiar para que isso não
reflita no campo profissional. Também precisa ser capaz de se adaptar a novas
culturas com facilidade”, completa.
Benefícios e Desvantagens
As vantagens desse tipo de emprego são bastante tentadoras.
Afinal, o apelo de ser pago para conhecer novos lugares e, muitas vezes, ótimos hotéis fazem muitos olhos brilharem. Mas além desse benefício já bastante alardeado existem outros não tão óbvios.
“O profissional normalmente tem uma remuneração melhor porque viajar é um diferencial. Isso conta muito para sua experiência. Vários executivos, por exemplo, colocam suas viagens mais significativas no currículo”, explica Fabiana Santiago.
A headhunter Karina completa: “O funcionário fica bastante exposto na
empresa. A possibilidade de conhecer boas práticas profissionais em diferentes
locais também é um ponto positivo. Além da rede de contatos se tornar bem
ampla.”
A geóloga Janete de Bona, 32, mora em Johanesburgo, na África do
Sul, e passa 45 dias trabalhando em outro país seguidos por 15 dias de folga em
casa. “Quando aceitei o emprego gostei da ideia de ter que viajar porque um
trabalho no exterior se torna um diferencial na nossa vida profissional.”
Apesar de reconhecer os benefícios, ela sabe que as desvantagens existem. “Privar-se do convívio com a família e não ter uma rotina definida são as maiores dificuldades.”
“É complicado fazer cursos de especialização ou idiomas, por exemplo. Tudo que exija uma periodicidade definida é mais difícil. Além disso, por estar sempre longe fisicamente da empresa, o funcionário pode acabar sendo um pouco esquecido”, analisa Karina.
Além disso, o cansaço físico acaba aparecendo depois de um tempo. “Quem viaja por 10, 12 anos fica cansado. Alguns, mesmo com o desgaste físico, gostam e continuam assim a vida toda. Outros preferem acalmar um pouco. Depende do perfil de cada pessoa”, diz Fabiana.
“Sempre chego muito cansado de tanta viagem e quilômetros rodados”, conta o
também geólogo , 31, que trabalha para o Departamento de Estradas e Rodagem do
Rio Grande do Sul. Ele, que viaja sempre dentro do estado, conta que apenas no
mês de setembro deste ano visitou mais de 15 municípios e, pelo menos, 20
rodovias diferentes. “Confesso que gosto de ter rotina e tento mantê-la, sempre
que possível.”
Dani expõe que existem dificuldades burocráticas para quem viaja muito. “Depois das viagens, temos muitos relatórios para preencher. Também é difícil ter que resolver algo em uma repartição pública, por exemplo.” Para o geólogo, o grande benefício é fazer novas amizades. “Isso é muito gratificante.”
Para os que desejam viver viajando a negócios,
Karina dá um conselho: “O que importa é estar bem informado sobre as condições
do trabalho e sobre tudo que você ganhará e terá que abrir mão se aceitar uma
vaga que exija viagens constantes.”
O que fazer com o dinheiro da restituição do imposto de renda?
Especialistas Indicam Diferentes Usos Para Quem Está Endividado ou Livre De
Pendências Financeiras...
A Receita Federal pagou, nesta segunda-feira, o 5º lote de restituição do IR 2011.
Para muitos contribuintes, surge a dúvida sobre o que fazer com o dinheiro
extra. Investir, quitar dívidas ou depositar os recursos na poupança estão entre
os caminhos mais procurados pelos brasileiros.
Algumas precauções, entretanto,
devem ser tomadas. “A primeira coisa a ser feita antes de resolver o destino da
renda extra é uma análise econômica para identificar possíveis problemas e
descontrole nas finanças”, diz Reinaldo Domingos, educador financeiro.
Estabelecer um planejamento que relacione despesas e
investimentos facilita na hora de decidir o melhor caminho para a restituição.
"O uso dos recursos depende do valor que a pessoa receberá", diz Dora Ramos, do
escritório especializado em soluções contábeis Fharos. "Pode-se usar o dinheiro
para antecipar a quitação de uma dívida, ou pagar parcelas de cartão de
crédito", diz. Outra opção é começar a fazer uma poupança para usar nos gastos
do fim do ano, afirma.
Segundo Domingos, o dinheiro não deve ser usado para quitar débitos antes que
se faça uma boa avaliação da situação financeira. “Quem está endividado deve
primeiro organizar-se e descobrir quais erros foram cometidos em suas finanças.
De nada adianta pagar se não entender os motivos do problema para evitá-lo
futuramente. O ideal é estabelecer metas no orçamento e negociar as pendências,
reduzindo os gastos supérfluos”, afirma.
A amortização de dívidas é uma das opções mais recorrentes para o uso da restituição do IR. Apesar disso, até mesmo nesta situação é preciso ter disciplina e planejamento. Quem faz a escolha de quitar as dívidas deve priorizar aquelas que tenham maior incidência de juros. “O contribuinte também precisa analisar se é interessante pagar uma conta em atraso ou com vencimento próximo. O ideal é não deixar vencer a data de pagamento para escapar da cobrança de juros e negociar os débitos pendentes”, diz Álvaro Modernell, educador financeiro.
Outro emprego da restituição pouco aconselhável para quem possui dívidas é
aplicar o valor na entrada de um parcelamento. “Usar o dinheiro para ficar mais
endividado é um erro porque você transforma o bônus em prejuízo, já que o
pagamento parcelado não é um negócio vantajoso. É importante não contrair
dívidas de consumo, independente das condições”, diz Modernell. Pensar,
entretanto, que deixar o dinheiro parado é o melhor caminho também não é uma
opção interessante, já que o contribuinte pode consumi-lo sem perceber ou
entregá-lo ao cheque especial.
Da Viagem ao Investimento...
Para quem não possui dívidas as opções de investimento e
aplicações são maiores. Uma das possibilidades é transformar a restituição em
uma reserva para emergências. “A poupança nesse sentido pode ser a melhor saída,
já que não há preocupação com rendimentos elevados e o objetivo é guardar
dinheiro”, afirma Modernell. “Além disso, os contribuintes que não têm dívidas
podem se permitir pequenos luxos, como presentear alguém ou sair para jantar”,
diz.
Aumentar o valor de investimentos também é uma
alternativa no destino da renda extra. Para tanto, é indicado estabelecer metas
de curto, médio e longo prazo. “Entre as opções mais vantajosas, para
investimentos de um a 10 anos, estão as aplicações em CDB e títulos públicos. Já
para objetivos de longo prazo, o dinheiro pode ser investido em previdência
privada e ações na bolsa”, diz Domingos.
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